sexta-feira, 12 de abril de 2019

SECRETAS PAISAGENS



A quem o sono tece o lençol do silêncio,
os seus demônios libertam-se nas trilhas
de um sonho, ou até sangram símbolos
nas curvas de um pesadelo. Mas calam.


Para os que destecemos a madrugada
nos desesperos claros da noite branca
eles nos ferem os pés, pus entre dentes,
os ferrões de vespas estancam as horas.


Quando o incêndio da insônia se alastra
é quando todos os demônios inflamam
formas no inferno, retesando o tempo,
tornam cinzas móveis, livros e sonhos.


E as nossas paisagens mais secretas
são cremadas no altar da angústia,
mumificando a memória e a manhã
num réquiem sem a eucaristia do sol.


Do livro “Soda Cáustica Soda” – breve.




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